Governantes, políticos, CEOs e Marketeers do setor automóvel têm proferido nos últimos meses, bombásticas declarações a favor da eletrificação do automóvel. Mas também há vozes de peso do lado dos céticos. Saiba mais sobre a prova cientifica que faltava... No lado da defesa da eletrificação misturam-se motivações genuínas com interesses políticos e estratégias de marketing. Pondo de parte a demagogia, a justificação essencial da eletrificação do automóvel passa pela crescente concentração dos seres humanos em zonas urbanas e pela adequação perfeita dos BEV à circulação nestes meios. Não me refiro apenas à eliminação de emissões locais mas também ao silencio e à agradabilidade de condução.
É evidente que há problemas por solucionar mas uma revolução tecnológica não se implementa sem desafios e, sobretudo, sem uma visão consistente do longo prazo. Naturalmente há vozes discordantes neste processo de rutura, mais ou menos sustentadas em argumentos válidos. Algumas delas muito influentes no setor automóvel, como Carlos Tavares ou Sergio Marchionne. Entre os argumentos relevantes e frequentemente apontados pelos mais céticos, encontra-se o verdadeiro nível de emissões de CO2 de um Veículo Elétrico. Não só em termos de produção e reciclagem do veiculo e das respetivas baterias, como principalmente ao nível das emissões do processo de produção da energia elétrica. Maarten Messagie, um cientista belga da universidade de Vrije, em Bruxelas, apresentou este mês de Outubro um estudo comparativo do ciclo de vida (Life Cycle Assessment ou LCA) de veículos elétricos e térmicos. Este estudo contempla as seguintes fases do processo: 1) Well-to-Tank (WTT) - emissões durante toda a fase de produção e de distribuição de energia, até chegar ao veículo. 2) Tank-to-Wheel (TTW) - emissões produzidas durante a propulsão do veículo. 3) Da produção da carroçaria à sua reciclagem, passando pela manutenção. 4) Produção do grupo moto-propulsor, da bateria e eletronica embarcada. O estudo baseia-se num nível médio de emissões no processo de produção de eletricidade (300g CO2/kWh), que tem em conta a realidade de todos os países europeus. Mesmo considerando o caso da Polónia, onde é atingido o nível máximo de emissões neste processo (600g CO2/kWh), o Veículo Elétrico mantém vantagem face ao Diesel comparado (menos 25% de emissões de CO2) num cenário de LCA, ou seja, considerando as quatro fases acima mencionadas. A tendência de eletrificação que a indústria automóvel está a passar é aproveitada pelos defensores para sobrevalorizar os seus argumentos. E faz muito sentido ter a garantia de que esta tendência é sustentada por pareceres científicos, independentemente de todo o ruído comercial, politico e social. Para além do estudo de Maarten Messagie cabe aqui salientar que, em muitas cidades do mundo, o tema das emissões locais supera a importância relativa dos outros fatores de poluição. A indústria e as cidades precisam de foco na definição das opções energéticas do setor automóvel. É importante promover a discussão de todos os pontos de vista válidos mas não se deve induzir instabilidade no racional de longo prazo. Ricardo Oliveira 2025 Automotive 360° Vision World Shopper Conference Iberian 2018 Foto: Miguel Duarte Silva (World Shopper).
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JOAQUIM LAGO
2/11/2017 11:48:05 am
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