Descubra quatro razões principais e uma estratégia que se poderá revelar crucial para vencer no novo mercado da mobilidade. Os construtores estão neste negócio para produzir e vender automóveis. Sempre foi assim… mas agora querem partilhá-los! Há duas semanas estava em São Paulo a trabalhar no 27º Congresso da FENABRAVE. Num dos dias demorei 3 horas a percorrer os cerca de 28 km que separam o centro desta mega-cidade de 12,04 milhões de habitantes, do aeroporto em Guarulhos. De cada vez que realizei um percurso urbano de automóvel, acabei sempre por apanhar longos engarrafamentos. E isto numa cidade que tem uma restrição à circulação (“Rodízio Veícular”) implementada desde 1997... Um verdadeiro inferno da mobilidade! Nesta vibrante cidade brasileira onde há de tudo o que se possa precisar, as pessoas estão cada vez mais a utilizar alternativas aos automóveis particulares, especialmente serviços de “ride-hailing” como o Uber, 99Pop, Cabify e o EasyGo. Atualmente, o número de veículos a operar em São Paulo para estes quatro serviços já supera os 50.000, enquanto que os táxis convencionais são cerca de 38.000. No trajeto do hotel para o Congresso. Quatro razões para partilhar. Os frequentadores de cidades como São Paulo, ou mesmo de cidades mais pequenas, sonham com uma mobilidade melhor e mais “respirável”. E hoje em dia, quando potenciais Clientes começam a sonhar, aparecem logo várias “tecnológicas” prontíssimas para satisfazerem esses sonhos! Em primeiro lugar, os OEM querem partilhar automóveis porque também eles querem satisfazer essas novas expectativas dos Clientes e, acima de tudo, porque querem evitar que terceiros venham a ocupar o seu “espaço”. Em segundo lugar, os OEM estão a utilizar os novos serviços de mobilidade para escoarem determinados modelos, que têm que estar disponíveis para o Consumidor mas que ainda não são massivamente comprados. Os Veículos Elétricos são um bom exemplo disso. Apesar de ainda serem mais caros do que os seus concorrentes diretos equipados com motor a combustão, os Veículos Elétricos têm hoje que fazer parte da oferta dos construtores: não só pelo cumprimento dos limites médios de emissões das gamas, mas também para satisfazer o crescente interesse dos Clientes e preparar o futuro da mobilidade. Utilizar um Veículo Elétrico em car-sharing é hoje a melhor forma do Cliente não ficar tão exposto aos preços de aquisição e aos valores residuais destes modelos, beneficiando da sua utilização no seu ambiente ideal (áreas urbanas). Em terceiro lugar, os construtores estão a utilizar os novos serviços de mobilidade para entrarem em novos mercados, como Carlos Tavares explicou num artigo publicado a 15 de Agosto passado na Forbes (NDLR: tal como o fez Carlos Gomes na World Shopper Conference Iberian 2016). O CEO da PSA disse que o grupo estava a utilizar o seu serviço de mobilidade “Free2Move” para reentrar no mercado norte-americano, evitando a complexidade e o investimento inerentes ao lançamento de uma nova rede de distribuição. Esta estratégia é especialmente interessante porque o serviço irá começar por recorrer a marcas que nem sequer pertencem ao grupo PSA. O grande objetivo é compreender melhor o funcionamento deste mercado e conhecer bem os Clientes e as suas expectativas. Free2Move (PSA). Finalmente, os OEM estão a utilizar os novos serviços de mobilidade para “venderem algo” a utilizadores que, dificilmente, comprariam um veículo novo. Em muitos países, os Clientes mais novos preferem comprar veículos usados, especialmente os menos recentes (os mais baratos), aqueles que tendencialmente são comercializados por operadores independentes. Ou simplesmente preferem abdicar de comprar qualquer carro, particularmente se frequentarem assiduamente zonas urbanas. Vender serviços de mobilidade vai permitir que os OEM criem novas relações com este público, vai permitir “vender-lhes algo” e, em determinados casos, até vender-lhes um veículo novo. O Concessionário Suburban Chevrolet de Ann Arbor, no Estado do Michigan (E.U.A.), está a realizar uma ação piloto com a Maven, a empresa de serviços de mobilidade da General Motors. Os veículos de cortesia do após venda estão não só a ser utilizados pelos Clientes da Concessão mas também por Clientes da Maven. De acordo com Mike Mosser, o diretor geral, o programa permitiu que o Concessionário atraísse Clientes mais jovens e os fizesse interessar pela oferta da GM. Maven (GM). Uma visão comum
Para além destas razões para seguir a tendência da oferta de serviços de mobilidade, as estratégias da PSA e da GM têm uma visão comum. Ambas dizem que pretendem vir a ser um único ponto de acesso para diferentes serviços de mobilidade. A Free2Move da PSA “pretende ser uma app única de alcance mundial, dando acesso a tudo, do car-sharing e leasing até à gestão de frotas empresariais”, como refere o artigo da Forbes. “A Maven não quer ser a próxima Zipcar, Uber ou Lyft. Quer ser o que todas estas empresas são e mais…”, como salienta o Automotive News. Com esta estratégia, os OEM poderão alcançar elevados volumes. Isso será essencial não só para conseguirem aproveitar as magras margens do negócio da mobilidade, como também para interagirem com o maior número possível de potenciais Clientes. Num futuro próximo conte com mais ofertas de mobilidade por parte dos OEM, especialmente ao nível do car-sharing, ride-hailing, serviços de subscrição e soluções “peer-to-peer” (C2C). Conte também com que os Concessionários das zonas urbanas passem a estar mais envolvidos nestas alternativas de “car-as-a-service”. Pela saúde e pela qualidade de vida dos habitantes de São Paulo e de outras tantas cidades! Ricardo Oliveira 2025 Automotive 360º Vision Foto inicial: stand Chevrolet no 27ª Congresso FENABRAVE
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March 2022
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