A World Shopper esteve no maior evento do mundo de empreendedorismo à procura de inovação relacionada com o setor automóvel e a mobilidade. Desde as ideias mais loucas às mais realistas... Descubra um resumo com imagens e vídeos das principais tendências, organizadas pelas áreas disruptivas do estudo 2025 Automotive 360º Vision. Este artigo também está disponível sob a forma de uma apresentação para integração em eventos e ações de formação. Tendências no âmbito dos Novos Conceitos de mobilidade. A adoção em massa do modelo de partilha de automóvel e dos Veículos de condução Autónoma (VCA) não parece ser suficiente para travar de forma drástica o aumento do trânsito nas cidades. Este ano a tendência mais frequente foi a necessidade da exploração do espaço aéreo, através da qual se poderão considerar vários "layers" de circulação, aumentando de forma virtualmente infinita a capacidade de escoamento do tráfego. Apesar de poder parecer uma solução de ficção científica, cidades como São Paulo já dispõem de serviços de táxi-aéreo prestado por helicópetros. A Uber revisitou esta questão e propõe o UberAIR que consiste numa solução de Ride-Sharing prestada por aeronaves elétricas de descolagem verical, dotadas de hélices mais pequenas do que aquelas utilizadas pelos helicópetros e, por isso mesmo, mais silenciosas. Esta aeronave terá uma autonomia de 100 km o que, em trajetos urbanos efetuados em linha reta, parece ser uma distância aceitável. Especialmente tendo em conta que o carregamento será muito rápido e efetuado durante a troca de passageiros. Esta rapidez poderá indiciar a utilização de baterias de estado sólido. O UberAIR será acionado através de um botão na aplicação móvel existente e começará por estar disponível já em 2020, na cidade de Los Angeles, uma das mais congestionadas dos E.U.A. Finalmente, a Uber celebrou uma parceria com a NASA para implementação de sistemas de gestão de tráfego aéreo. UberAIR - Ride-Sharing em aeronaves elétricas chega em já 2020 O bike-sharing é uma excelente alternativa de transporte para as deslocações de reduzida distância em cidade, por razões ecológicas e por facilidade de estacionamento. No entanto, a maior parte dos conceitos exige o levantamento e estacionamento das bicicletas em docas dedicadas. A Ofo opera no modo free-float: as bicicletas podem ser deixadas em qualquer local, desde que estacionadas legalmente dentro da área de operação. Este formato tira pleno partido da solução da bicicleta para o transporte "last-mile" e torna-a muito mais utilizável. A Ofo é uma empresa chinesa avaliada em mil milhões de dólares que já está presente em 16 países (entre os quais Portugal) e que tem um modelo de negócio totalmente escalável, englobando todas as fases do projeto desde a fabricação das bicicletas à gestão do serviço de bike-sharing. No final deste ano, a Ofo vai integrar bicicletas elétricas neste serviço, permitindo a expansão para cidades com desníveis acentuados, como é o caso de Lisboa. O bike-sharing com bicicletas elétricas em regime de free-float afirma-se como uma fortíssima alternativa no domínio da mobilidade urbana. ofo - Bike-Sharing "free-float" para todos. Tendências no âmbito da Eletrificação A eletrificação está a chegar aos super-desportivos. Monika Mikac, Chief Operating Officer da Rimac Automobil, apresentou este construtor Croata que produz o Concept_One. Este veículo 100% elétrico tem 1.224 cv, 1.600 Nm de binário, atinge 355 km/h e acelera, dos 0 aos 100 km/h em 2,5 segundos. A Rimac é uma empresa de tecnologia que, além de produzir este rival do Bugatti Chiron, fornece soluções completas ou parciais para a construção de veículos elétricos de elevadas performances: packs de baterias, motores e caixas de velocidades, transmissões, sistemas de comando eletrónicos, assim como diversas soluções de engenharia e design. Rimac Automobil - Fornecedor de tecnologia para a produção de veículos 100% elétricos. Alicerçada no enorme potencial de competência técnica e notoriedade gerado pela Fórmula 1, a Williams Advanced Engineering também se posiciona como um fornecedor de soluções eletrificadas para outros OEM. Esta divisão da Williams Grand Prix Holdings fabrica e fornece as baterias utilizadas na Fórmula E, para além de disponibilizar uma plataforma (FWEVX) desenhada de raíz para servir de base para a produção de veículos 100% elétricos. Williams Advanced Engineering - Competências da F1 ao serviço da inovação automóvel. O surgimento de fornecedores de arquiteturas para veículos elétricos está previsto no estudo 2025 Automotive 360º Vision. Esta tendência está relacionada, por um lado, com uma relativa simplicidade das plataformas elétricas face às congéneres que utilizam motores de combustão interna. Por outro lado, os veículos elétricos não são facilmente integráveis nas linhas de montagem dos modelos tradicionais, devido às diferenças de tecnologia e aos ainda reduzidos volumes de produção. É previsível que apareçam mais especialistas nestas soluções verticalizadas de engenharia e que isso contribua para a redução dos custos de produção e para a diversificação das gamas de veículos elétricos. Tina Kolovrat é Co-Founder do Nikola Tesla EV Rally, um evento que junta anualmente nas estradas da Croácia numerosos adeptos de veículos elétricos. Os organizadores deste evento apresentaram na Web Summit um novo projeto que consiste numa área de serviço para veículos elétricos. A ideia passa por criar um espaço similar àquele que hoje existe para veículos a combustão, mas neste caso especificamente concebido para as necessidades dos veículos eletrificados, com uma zona de carregamento, uma loja de conveniência, um túnel de lavagem, etc. Nos eventos de cariz mais futurista, como é o caso da Web Summit, a electrificação do automóvel é um dado adquirido. A Uniti apresentou um veículo elétrico citadindo cuja maior originalidade é a substituição de um volante tradicional por duas alavancas paralelas que desempenham as funções de direção, aceleração e travagem. Este construtor sueco tenciona iniciar a comercialização deste veículo em 2019, recorrendo ao modelo de vendas diretas. Uniti - Um VE sem volante concebido a pensar no utilizador. Tendências no âmbito da Inteligência Artificial e I.o.T. A Volkswagen propõe outra via para melhorar o transito nas cidades. Em vez de uma abordagem "Vehicle-Centric" em torno dos vários modelos de partilha de automóveis, a marca alemã opta por explorar uma abordagem "Crowd-Centric". Martin Hofmann, CIO do Grupo Volkswagen, apresentou um projeto de gestão preditiva do transito, baseada no estudo do comportamento dos condutores, em função das condições meteorológicas e de qualquer outro evento que potencialmente condicione o estado do transito. Apoiado por potentes sistemas de processamento de dados (Quantum resources), o sistema prevê estas situações com antecipação e envia instruções para a navegação dos veículos, gerando maior fluidez de tráfego. Martin Hofmann - Uma abordagem "crowd-centric" da gestão do transito urbano. O problema da "entrega" de comandos ao condutor humano nos Veículos Autónomos (VCA) de Nível 3 (L3), continua a ser alvo de atenções. O nível condicional de autonomia (L3) prevê a passagem dos comandos ao condutor humano em todas aquelas situações que o VCA não conseguir resolver. Isto implica uma rapidez de reação que nem sempre é possível de ser atingida por parte de todos os condutores, em todas as circunstâncias. Por isso mesmo, muitos construtores estão a passar diretamente do L2 para o L4. Num dos paineis da conferência Auto/Tech, no âmbito da Web Summit, foi proposta a via do Geo-Fencing para garantir que os sistemas L3 só sejam acionados em zonas seguras. Uma das mais ambiciosas ideias que vimos na Web Summit foi um sistema para massificação da condução autónoma. George Hotz é o fundador da Comma.ai, o "Android da condução autónoma". Basicamente, este sistema é constituído por um software em open source (chffr), por um dispositivo que se coloca no interior do pára-brisas e filma a estrada (EON DDK) e por dois aparelhos (OBD II Dongle e giraffe Connector) - um deles liga à tomada OBD - que recolhem dados do veículo. As imagens gravadas pela câmara são armazenadas na nuvem e o sistema utiliza Inteligência Artificial (AI) para fornecer uma função de condução autónoma de nível 2, ou seja uma ação simultânea do Adaptive Cruise-Control e do Lane Keep Assistant. O sistema ainda está em fase de aprendizagem e qualquer utilizador de um smartphone pode contribuir para o seu desenvolvimento, descarregando a aplicação chffr e gravando as suas viagens. No site da Comma.ai existem vários vídeos de utilizadores de Toyota Corolla e Honda Civic, a demonstrarem o funcionamento do sistema na via pública. Numa temática tão sensível como esta é surpreendente a simplicidade deste sistema. Comma.ai - Passe a ter condução autónoma no seu automóvel por menos de $1.000! A voz é a forma mais natural de interação com os dispositivos, por isso os sistemas de controlo por voz geridos por Inteligência Artificial (AI) estão a aumentar de popularidade. A Mercedes-Benz anunciou o lançamento do serviço Ask Mercedes, potenciado por Realidade Aumentada (AR) e a BMW apresentou novas integrações com o Google Home, Google Assistant e Alexa. Werner Vogels, CTO da Amazon, explicou que o Alexa está em permanente desenvolvimento, tendo demonstrado de forma convincente as capacidades "Text-to-Voice" do sistema, capaz de ler um livro com entoação humana e distinguindo a pronuncia de palavras homógrafas. O recurso ao Alexa Skills Kit permite que as empresas vão adicionando experiências personalizadas de controlo por voz, adequadas a diferentes utilizações. Hoje o Alexa dispõe de 25.000 skills e este recurso já está a ser utilizado por alguns construtores de automóveis para integração do Alexa nos seus veículos. Proximamente, os sistemas de controlo por voz geridos por AI irão permitir antecipar as necessidades dos utilizadores, propondo-lhes proativamente ações, como regular a temperatura do ar condicionado para o valor preferido pelo utilizador, sugerir alterações de percurso na navegação, relembrar a hora de saída para uma reunião e muito mais. No limite, estes sistemas poderão contribuir para o estabelecimento de uma relação entre o utilizador e o veículo, tal como foi demonstrado pelo Toyota Concept-i na mais recente edição do CES, em Las Vegas. Alexa - Aplicação do Controlo por Voz com gestão por AI ao setor automóvel. Com o advento dos VCA começam a surgir novas propostas de arquiteturas do habitáculo, de modo a garantir que o tempo passado dentro destes veículos seja agradável e bem aproveitado. A Ustwo apresentou diversos conceitos de design de VCA, sempre centrados nas pessoas e nas especificidades da auto-condução. Por exemplo, um dos problemas dos passageiros de VCA relaciona-se com a desorientação geográfica. Por isso a Ustwo propõe veículos dotados de enormes superfícies vidradas. A conectividade extravasa em muito o âmbito dos veículos pessoais de condução autónoma. A ligação de camiões permitirá a circulação no modo "Platooning" - um "comboio" de camiões que circula em auto-estrada - em que o primeiro veículo da fila também será um VCA, conforme explicou Daniela Gerd tom Markotten, CEO da Daimler Fleetboard. Os VCA e uma conetividade de todos os meios de transporte permitirá utilizações pouco expectáveis, como explicou João Barros, CEO da Veniam. Se por exemplo existir um ataque terrorista em determinada zona da cidade, uma frota de VCA poderá ser enviada para o local melhorando enormemente a visibilidade para os meios de socorro. John Krafcik, CEO da Waymo, subiu ao palco central da Web Summit 2017 no segundo dia e defendeu que a condução autónoma só vale a pena no nível 5. A plataforma da Google destinada à condução autónoma está a acumular quilómetros de aprendizagem, algo que é absolutamente crítico para a implementação do Nível 5. Os testes dos VCA L5 da Waymo já estão a decorrer em vias públicas e John chamou a atenção para a necessidade de tranquilizar os passageiros. É preciso que os veículos expliquem o que estão a fazer e porque é que o fazem, para conquistar a confiança dos passageiros. A Waymo anunciou na Web Summit 2017, o arranque, no próximo mês de Dezembro, em Phoenix (Arizona, E.U.A.), dos testes de VCA L5 realizados pelo público. Waymo - O operador mais avançado em VCA L5. Tendências no âmbito das tecnologias imersivas As tecnologias imersivas terão cada vez mais impacto no setor automóvel. A Realidade Virtual (VR) reinventa os ambientes situando o utilizador num universo totalmente digital. Por exemplo, na apresentação de novos modelos de automóveis a VR permite descobrir os detalhes de várias zonas do carro, desde o habitáculo até ao interior do motor e dos vários órgãos mecânicos. Tudo isto pode ser efetuado em qualquer lugar, não obrigando a uma visita ao Show-room. A Realidade Aumentada (RA) adiciona às imagens do mundo real, informações digitais. Este conceito será utilizado no futuro para transformar a superfície interior dos pára-brisas em gigantes "head-up displays", onde surgirão informações sobre a direção a seguir na navegação ou sobre os locais onde estamos a passar em cada momento. A Realidade Mista (MR) mistura objetos digitais com imagens reais. Até agora, o problema desta tecnologia era a dificuldade de gestão da focagem dos dois tipos de imagens, retirando realismo à situação. A Avegant desenvolveu uma nova técnica para tornar a focagem mais realista, baseada na criação de um novo campo de luz. Com esta solução será possível ir muito mais longa na recriação de cenários credíveis em ambientes digitais. Avegant - Ainda mais realismo em tecnologias imersivas Impactos no futuro do setor automóvel e da mobilidade
Esta edição da Web Summit veio confirmar que no futuro haverá mais alternativas de mobilidade e que estas tenderão a ser eletrificadas, mais ou menos partilhadas, conectadas, com diversos níveis de autonomia de condução e, em certos casos, tirando partido do espaço aéreo. Para um setor automóvel que é hoje constituído por um parque circulante de veículos a combustão, maioritariamente adquiridos em propriedade, sem sistemas de conectividade (salvo os smartphones a bordo e a Via Verde) e com níveis de autonomia que não ultrapassam o 2 (o Audi A8 inaugura o nível 3 mas a sua utilização em vias públicas ainda é muito limitada), a transição é de enormes proporções e consequências. Se a eletrificação, a partilha e a conectividade começam a dar os primeiros passos e a consolidarem-se como alternativas de futuro, a autonomização total da condução parece estar mais longe. Na Web Summit 2017 foi possível confirmar que o nível 5 de condução autónoma, que contempla todas as condições metereológicas e todos os tipos de estado das vias, continua difícil de implementar por questões técnicas e regulamentares. A janela de concretização do L5 situa-se, neste momento, entre 2030 e 2050, apesar da Waymo ter anunciado aqui que no próximo mês se iriam iniciar os testes de VCA L5 realizados pelo público. Independentemente disto, os sistemas de apoio à condução de nível 2 irão continuar a expandir-se rapidamente para os segmentos inferiores do mercado, ao mesmo tempo que nos segmentos superiores se assistirá a uma generalização do nível 3 associado a diferentes sistemas de monitorização da atenção do condutor. O nível 4 parece bem posicionado para começar a surgir em força, nas frotas de mobilidade, já a partir de 2020. No passado dia 8 de Novembro teve inicio em Las Vegas um programa-piloto para teste de um shuttle de nível 4 da Navya, em condições reais de circulação. Apesar desse primeiro dia ter ficado marcado por um pequeno incidente, provocado por um camião, esta experiencia continua a ser um marco na história dos VCA. Já descobrimos o interior do Navya (versão L5) no Salão de Frankfurt e não deixaremos de testar este serviço em Las Vegas, no próximo mês de Janeiro, por ocasião do CES 2018. O tempo é de tremenda mudança para o setor automóvel e para a mobilidade geral. As ameaças são evidentes e as oportunidades podem não parecer tão claras. Mas elas existem, são tremendas e o World Shopper continuará a fazer tudo para as divulgar junto de profissionais, investidores e empreendedores! Não perca tempo, faça já a sua inscrição na próxima edição do maior evento de inovação no setor automóvel e na mobilidade, a World Shopper Conference Iberian! Ricardo Oliveira 2025 Automotive 360º Vision The automotive future World Shopper Conference Iberian 2018
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