Os automóveis são um dos expoentes máximos da liberdade de mobilidade individual, permitindo-nos arrancar, de onde quisermos para onde quisermos, à hora que quisermos. Foi isso que fizemos na semana passada, saindo de Lisboa em direção a Munique ao volante de um Volkswagen ID.4 (100% elétrico), para participar no IAA Mobility 2021. Em 5.286 km carregámos 26 vezes e nem sempre correu tudo bem... Sim, viajar de elétrico em modo "não turístico" ainda tem algumas limitações mas isso está a mudar: neste artigo, apresentamos 5 novos conceitos que experimentámos neste percurso e que estão a contribuir para revolucionar a experiência de viajar de elétrico! 1 - Reserva de carregador Um dos aspetos mais frustrantes do carregamento é localizarmos um posto num local conveniente, vermos na aplicação que está livre e, depois, no último momento, outro utilizador chega antes ao posto e inicia o carregamento. A melhor forma de resolver esta situação é a possibilidade de reserva antecipada. Nesta viagem utilizamos, por duas vezes, o sistema de reserva antecipada da aplicação da Iberdrola. O sistema permite uma reserva com uma antecedência máxima de 30 minutos. No caso de não comparência no posto reservado, o cartão de crédito do utilizador é debitado pelo valor de 1 euro. A reserva de carregador é tanto mais importante, quanto maior for a taxa de ocupação de cada posto. Nas zonas urbanas e nas suas proximidades, tende a haver maior ocupação. Também é importante registar que há cada vez mais estações de carregamento dotadas de mais do que um posto, nomeadamente nas autoestradas. 2 - Pagamento sem registo na aplicação Nas viagens nem tudo corre como planeado e, por vezes, temos que carregar em postos que não estavam previstos no plano inicial. Ao contrário de Portugal, na maior parte dos países não é possível utilizar uma única subscrição para carregar em todos os postos de carregamento. Por isso, quando existe um desvio em relação ao plano inicial, podemos ter que carregar num ponto que implique uma nova subscrição e, consequentemente, um registo numa aplicação. Atualmente há operadores, como a Ionity, que oferecem a possibilidade do utilizador aceder a uma página de internet onde o pagamento do carregamento pode ser efetuado sem registo prévio. Desta forma evita-se um processo demorado e avança-se diretamente para o pagamento. A principal desvantagem deste método é que o utilizador fica sem acesso a fatura com dados próprios e ao histórico de carregamentos. 3 - O futuro das áreas de serviço para elétricos Carregar um veículo não é o mesmo que abastecer de combustível: o processo demora mais tempo e as áreas de serviço deverão ser reinventadas à luz do novo cenário. Na região de Bordéus recuperámos a autonomia do Volkswagen ID.4 numa área de carregamento da TotalEnergies, dotada de aspiradores, sistema de limpeza de pára-brisas, wi-fi e cobertura contra o sol e intempéries. Esta estrutura situa-se muito próxima da área de restauração, da respetiva área de serviço. Num outro posto da TotalEnergies, situado na área urbana de Clermond-Ferrand, encontrámos um conjunto de cacifos para receção de encomendas da Amazon. 4 - Áreas de descanso com carregadores Porque não aproveitar a imobilização dos veículos nas Áreas de Descanso das autoestradas para proceder ao respetivo carregamento? A instalação de carregadores não carece de uma infraestrutura complexa, como é caso das bombas de gasolina. Na Suíça encontrámos várias Áreas de Descanso dotadas de pontos de carga. Por exemplo, na Rastplatz, Lensburg A1, carregámos o Volkswagen ID.4 num posto de 300 kW, da rede Fastned, situado numa Área de Descanso. O posto dispunha de uma cobertura contra as intempéries, sanitários e uma máquina de "vending" de bebidas e snacks. 5 - Pagamento direto com cartão de crédito no posto Pagar um carregamento com um cartão de crédito num terminal situado no próprio posto é simples, rápido e não implica a necessidade de acesso à internet por parte do utilizador. Esta última vantagem pode ser particularmente importante em viagens no estrangeiro. Por outro lado, o registo numa aplicação permite acesso a controlo da evolução da carga à distância e, como se referiu anteriormente, fatura com os dados do utilizador e histórico de carregamentos. O que fazer para melhorar a experiência de carregamento? O projeto das Electric Roadtrips europeias teve início em 2017 e, desde aí, temos realizado, pelo menos, duas viagens longas por ano, ao volante de veículos elétricos. O objetivo destas ações é estudar o comportamento, tanto da infraestrutura de carregamento como do próprio veículo, em condições extremas de viagem para um veículo elétrico: tiradas diárias de mais de 800 km, efetuadas em autoestrada, com o cruise-control regulado para a velocidade máxima legal permitida e ar condicionado ligado.
Desde 2017, a evolução é notável, mas a experiência de viagem ainda fica aquém da conveniência proporcionada por um veículo a combustão, em percursos e condições similares. A indústria automóvel e as entidades gestoras da infraestrutura de carregamento estão muito focadas no aumento da autonomia dos veículos, das potências de carregamento e da capilaridade da rede. Aspetos como o funcionamento das aplicações, a identificação da localização dos postos, o seu funcionamento, a transparência dos valores debitados e a reinvenção dos conceitos das áreas de carregamento, são cada vez mais preponderantes na experiência global do utilizador. Não queremos com isto dizer que já existem postos suficientes, queremos sim salientar que a densidade da rede não é o único aspeto a impactar a experiência do Cliente e que há outros, provavelmente mais fáceis de resolver, que começam a ganhar preponderância. Ricardo Oliveira "Viver Elétrico" | World Shopper
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March 2022
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