Afinal os Veículos Autónomos já chegaram!

"Nem em 2030"; "não é para agora"; "vamos dar tempo ao tempo..." Há um ano ninguém acreditava que fosse para já mas, a 5 de dezembro de 2018, passou a ser possível utilizar um serviço de Ride-Sharing num veículo autónomo de nível 4.

Em junho deste ano, por ocasião do Automotive News Europe Congress estive com John Krafcick, o CEO da Waymo. Como noutras ocasiões, o líder do maior especialista do mundo de veículos autónomos, justificou a autonomia da condução para fazer face à tragédia das mortes na estrada. São 1,3 milhões de mortos por ano em acidentes provocados por causas humanas ou, para se ter um termo de comparação, o equivalente à queda de um Boeing por hora... Krafcick foi presidente e CEO da Hyundai Motor America e hoje é um dos profissionais do setor automóvel que exerce a sua atividade no domínio mais genérico da mobilidade. Foi este trajeto que me fez pensar que John seria um "perfect fit" para a World Shopper Conference 2019, evento onde iremos juntar os profissionais do setor automóvel com os da mobilidade...

Mas a novidade é que na passada quarta-feira, a Waymo passou a disponibilizar em Phoenix, Arizona (EUA), um serviço de Ride-Sharing dotado de uma frota de veículos autónomos. No início de 2017, esta empresa começou por recrutar um grupo de 400 pessoas para testar os seus Chrysler Pacifica em condições reais de utilização. Agora, deste grupo de "Early Riders", foram selecionadas "algumas centenas" para utilizarem, a pagar, o serviço Waymo One, desta vez em artérias bastante mais movimentadas. Esta progressão passo a passo e conservadora compreende-se pela necessidade de garantir sempre a máxima segurança na operacionalidade dos veículos, bem como a aceitação da tecnologia por parte de todos os "stakeholders", desde as administrações públicas até a todos os cidadãos que vão passar a conviver com estes veículos nas ruas.

Independentemente do facto do Waymo One estar limitado a uma zona restrita e apenas ao alcance de "algumas centenas" de utilizadores, a realidade é que a disponibilização deste serviço ao público em 2018, representa o cumprimento de uma promessa frequentemente anunciada por John Krafcick. Mas, acima de tudo, é uma prova de que a disrupção pode avançar muito mais rápido do que aquilo que se pensa.

Ricardo Oliveira

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